'Porque quando fecho os olhos,
é você quem eu vejo aos lados,
em cima,
embaixo,
por fora e por dentro de mim.
Dilacerando felicidades de mentira,
desconstruindo tudo o que planejei,
abrindo todas as janelas para um mundo deserto.
É você quem sorri,
morde o lábio,
fala grosso,
conta histórias,
me tira do sério,
faz ares de palhaço,
pinta segredos,
ilumina o corredor por onde passo todos os dias.
É agora que quero dividir maças,
achar o fim do arco-íris,
pisar sobre estrelas e acordar serena.
É para já que preciso contar as descobertas,
alisar seu peito,
preparar uma massa,
sentir seus cílios.
“Claro, o dia de amanhã cuidará do dia de amanhã e tudo chegará no tempo exato.
Mas e o dia de hoje?”
Não quero saber de medo,
paciência,
tempo que vai chegar.
Não negue,
apareça.
Seja forte.
Porque é preciso coragem para se arriscar num futuro incerto.
Não posso esperar.
Tenho tudo pronto dentro de mim e uma alma que só sabe viver presentes.
Sem esperas,
sem amarras,
sem receios,
sem cobertas,
sem sentido,
sem passados.
É preciso que você venha nesse exato momento.
Abandone os antes.
Chame do que quiser.
Mas venha.
Quero dividir meus erros,
loucuras,
chocolates... A
pague minhas interrogações.
Por que estamos tão perto e tão longe?
Quero acabar com as leis da física,
Não nego.
Tenho um grande medo de ser sozinha.
Não sou pedaço.
Mas não me basto.'
Caio Fernando Abreu
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