"Hoje acordei para ser feliz, nada menos que isso."

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Sobre Clarice Lispector - Caio Fernando Abreu...


Vi uma mulher linda e estranhíssima num canto,
 toda de preto, com um clima de tristeza e santidade ao mesmo tempo, 
absolutamente incrível […] 
Ela é exatamente como os seus livros: 
transmite uma sensação estranha, 
de uma sabedoria e uma amargura impressionantes. 
É lenta e quase não fala. 
Tem olhos hipnóticos, quase diabólicos. 
E a gente sente que ela não espera mais nada de nada nem de ninguém, 
que está absolutamente sozinha e numa altura tal que ninguém jamais conseguiria alcançá-la. 
Muita gente deve achá-la antipaticíssima, 
mas eu achei linda, 
profunda, 
estranha, 
perigosa. 
É impossível sentir-se à vontade perto dela, 
não porque sua presença seja desagradável, 
mas porque a gente pressente que ela está sempre 
sabendo exatamente o que se passa ao seu redor. 
Talvez eu esteja fantasiando, sei lá. 
Mas a impressão foi fortíssima, 
nunca ninguém tinha me perturbado tanto…”

(Caio Fernando Abreu)


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