domingo, 12 de abril de 2009
Retratos...
É instrutivo ver os vários retratos que fazem de nós pela vida fora.
Com traços lisonjeiros ou desagradáveis, entram-nos sempre pelos olhos dentro como estranhos, a perturbar uma paz que tinha um rosto habitual, familiar, a que estávamos acostumados.
À imagem tranquila, sobrepõem-se outras inquietantes que não servem no cartão de identidade, e, contudo, nos identificam publicamente mais até do que a que nele figura.
É que não se trata de neutras fotografias.
São perfis apaixonados, justos ou injustos, com as virtudes e os defeitos cruamente patenteados.
Quem um dia nos lembrar, é por eles que nos lembra.
Somos o que nós sabemos, e parecemos o que os outros dizem de nós.
Miguel Torga
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